Neurodermite: a pele como escape para o estresse
Neurodermite é um quadro dermatológico, relativamente freqüente, que tem início por uma inflamação, irritação ou sensibilização ocasional da pele, como uma micose, a ação de uma substância agressiva ou uma alergia por contato, com colar, por exemplo.
Esse evento é acompanhado de coceira geralmente de média intensidade. Após cessar a alteração da pele, a pessoa continua a atritar o local enquanto restar a sensação de prurido (coceira).
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Liquenificação
O esfregar freqüente e repetido termina por espessar a pele e gerar um aspecto chamado liquenificação: escurecimento e engrossamento da pele com leve descamação e brilho da superfície cutânea.
Essa modificação da pele cria mais prurido, o que incita a pessoa a coçar mais aquele lugar. Isso se torna tão freqüente que passa a ser feito automaticamente, de modo que a pessoa não se dá conta do que está fazendo. Nesse ponto, a dermatose inicial já foi curada, mas permanece aquela área de coceira constante.
Ponto de escape do estresse
A seguir, todas as situações de estresse que o indivíduo sofre passam a ser descarregadas na área de neurodermite. Ela passa a ser o ponto de convergência das tensões. Sempre que o estresse se eleva a pessoa sente coceira naquela lesão de pele e leva a mão àquela área e a atrita.
Assim, em toda situação de tensão, seja por preocupação, concentração, conflito, dúvida, inconscientemente a pessoa coça a área alterada. E, desse modo, forma-se um ciclo tensão-prurido-coçadura-engrossamento da pele; este leva a mais prurido, mais fricção, etc. Daí para a frente, a pessoa não mais se dá conta do que está fazendo e só percebe que aquela lesão não se cura e a pele permanece escura e espessa. Há casos de neurodermite com mais de um ano de duração.
Cura
Quando a pessoa fixa a atenção no problema e resolve tratá-lo, vai consultar um dermatologista. Este faz o diagnóstico muito facilmente, ao simples exame, pois o aspecto da neurodermite é típico. Os locais mais atingidos são pontos que podem ser facilmente alcançados pelas mãos, como lados do pescoço, punhos, terço inferior das pernas e dorso dos pés. A possibilidade de cura é total.
O tratamento é feito apenas com medicamentos de uso local. O mais importante, porém, é que o paciente receba a explicação do que está acontecendo e de por que a lesão permanece. O médico pede que ele esclareça o caminho que segue para coçar o local, ou seja, que tome consciência do que ele faz inconscientemente. Por exemplo: o que se passa um segundo antes de iniciar a coçadura, em que situação se encontra, em que local e qual o pensamento que antecede o gesto repetitivo.
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A seguir, orienta-se o paciente a refazer intencionalmente esse caminho: imaginar-se na situação e no local onde coça a pele, pensar no que pensa e verificar, passo a passo, como o pensamento produz o movimento. Repete-se isso várias vezes, de modo que fique gravado no inconsciente. Pede-se ao paciente que, sempre que se dê conta de que está coçando o local, verifique qual pensamento deu origem à ação.
Como não se trata de compulsão, mas de simples hábito inconsciente, em pouco tempo ele será capaz de cortar o ciclo tensão-coçadura e os remédios prescritos farão com que a pele volte ao normal. A neurodermite é exemplo da pele como saída para as tensões.
Colaboração: Dr. Roberto Azambuja – Dermatologista Sócio Titular da SBD
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Dr. Roberto Barbosa Lima
Médico Dermatologista
Especialista da Sociedade Brasileira de Dermatologia e Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica.
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