A força das palavras
Uma paciente contou-me que, quando estava grávida da primeira filha, leu, numa revista para pais, uma reportagem sobre defeito congênito da mão. Ficou tão impressionada que, daquele momento em diante, passou a pensar aflitamente se a filha iria nascer com defeito na mão. E dizia que não queria que a filha nascesse com algum defeito na mão. Aconteceu que a filha nasceu com sindactilia, um defeito no qual dois dedos ficam unidos pela pele. Incrível acaso!
Uma conhecida minha tinha pavor de vir a morrer de câncer. Verbalizava isso repetidas vezes. Um dia, sua mãe teve um diagnóstico de câncer de ovário. Ao saber disso, ficou muito temerosa e declarou: “Eu também vou morrer de câncer de ovário!”. Três meses após o falecimento da mãe, faleceu ela com a mesma doença. Impressionante coincidência!
Várias pacientes, que vieram consultar por motivo de manchas brancas na pele, ao tomar conhecimento de que se tratava de vitiligo, contaram-me que, desde pequenas, tinham horror a vir a ter aquelas manchas, que tinham conhecido portadores de vitiligo na infância e isso as tinha impressionado tanto que desenvolveram verdadeiro pânico de que as manchas aparecessem em sua pele um dia. Sempre diziam que não queriam ter vitiligo. Pois foi exatamente essa doença que lhes surgiu. Estonteante azar!
Esses casos talvez não sejam puro acaso, coincidência ou azar. Diariamente, todos têm a experiência mágica de expressar algo que querem ou que rejeitam e ver isso acontecer, vindo do nada. E todos se lembram de alguma meta aparentemente inatingível, que decidiram conquistar e começaram a conseguir, quando resolutamente afirmou: “Eu vou conseguir!”.
Verbo criador
A palavra é o código do pensamento. Tudo o que pensamos é traduzido em palavras. Em verdade, pensamos falando para nós mesmos em autoconversas ou diálogos internos. As palavras que usamos têm tanta significação para nossa mente que pessoas que emigram para outros países e passam a falar numa língua diferente da que aprenderam na infância continuam a fazer cálculos e a rezar na sua língua materna.
Quando a palavra é proferida, o pensamento adquire mais força e tende a realizar-se em algum momento. Se além de proferida a palavra for escrita, mais provável se torna sua concretização. Por isso, quando as pessoas não querem que algo, que está no seu pensamento, produza efeito, que sabidamente será negativo, evitam expressá-lo por palavras. E quando o fazem, muitas pessoas dão três pancadas na madeira, acreditando que assim bloqueiam sua conseqüência.
Está na Bíblia que Deus criou o Universo com o verbo, ou seja, com o pensamento expresso por palavras. Assim, Deus disse: Fiat lux! E a luz se fez.
Formas-pensamento
Ao se produzirem pensamentos na mente, geram-se alterações elétricas no córtex cerebral. O método de observação da atividade cerebral enquanto pensamos, chamado tomografia por emissão de pósitrons (PET) demonstra quais as áreas que estão em ação à medida que os pensamentos se sucedem.
A alteração elétrica é o resultado de uma minúscula onda de energia, chamada forma-pensamento. Cada forma-pensamento é formada para realizar a intenção do pensamento e, nessa busca, ela se junta a outras formas-pensamento semelhantes.
Como explica Bruce I. Doyle III no livro “Antes Que Você Pense Outra Coisa” (Ed. Cultrix), cada forma-pensamento tem duas medidas: uma freqüência de vibração, que corresponde a sua intenção, e uma magnitude, que corresponde à quantidade de desejo associada a ela.
A magnitude será tanto maior quanto maior a atenção que se der a ela. Quando a magnitude é forte e a pessoa expressa verbalmente o pensamento, sua concretização decorre da ação da flutuação energética sobre as partículas subatômicas, visando transformá-la em realidade.
Pensamentos positivos
Isso foi endossado pelo relato do médico Geoffrey Kurland em entrevista publicada pela revista Veja, edição de 12/2/2003. O entrevistado, que sofreu um tipo de leucemia, disse, baseado em sua experiência de sobrevivência a uma doença grave e freqüentemente fatal, que, para lidar com uma doença desse tipo, é preciso estar com a cabeça em ordem, que, se a pessoa não controla seu lado emocional, a parte física desaba, que o importante é colocar a estabilidade emocional sempre como prioridade em qualquer situação e que, durante todo o tempo, ele teve a idéia fixa de que iria melhorar e fazia tudo para ter pensamentos positivos.
Essas afirmações significam que é preciso manter o controle dos pensamentos, produzir permanentemente pensamentos de harmonia e de cura, porque deles decorre o estado emocional e este se reflete no funcionamento das células. É notável que ele tenha descoberto isso por experiência pessoal – e relatado sua vivência no livro My Own Medicine -, já que a maioria dos médicos alopatas é formada dentro do conceito de que mente e emoções não devem ser levados em consideração, quando se trata de estados doentios, principalmente de uma doença grave.
Antes dele, os médicos O. Carl Simonton (Com a Vida de Novo – Ed. Cultrix), Mike Samuels (A Cura Pelas Imagens Mentais – Ed. Xenon), Gerald Epstein (Imagens Que Curam – Ed. Xenon), Larry Dossey (As Palavras Curam – Ed. Cultrix) e muitos outros já tinha descrito e aplicado o mesmo processo. E, antes de todos, a medicina ayurvédica já orientava nesse sentido.
O motivo por que nem sempre os pensamentos positivos produzem o resultado esperado é que as pessoas geralmente têm uma crença-raiz negativa, cujo potencial emocional não é suplantado pela atividade mental do momento. Por exemplo: há pessoas com a crença-raiz “eu sou doente”. Por mais que queiram produzir pensamentos de cura, por trás de tudo age essa crença, que anula todo o seu esforço por meio da dúvida (“E seu eu não conseguir?”) ou da negação (“Esta doença é incurável. Por que logo eu me curaria, se eu sempre fui doente?”).
Nas pessoas acostumadas ao pensamento lógico ou rigorosamente científico, essa crença é muito mais difícil de ser superada. Essas pessoas exigem a prova para poder acreditar que o resultado seja possível. Entretanto, o que se pretende situa-se fora do pensamento linear e fora das estatísticas científicas, porque refere-se a outro nível vibratório, onde tudo é possível. Daí a razão por que muitos médicos tendam sempre a enquadrar o paciente nos 90% que morrem de tal ou qual doença e achem impossível que ele se situe nos 10% que se curam. O pior é que, pensando negativamente, as pessoas também declaram isso em conversas ou para si mesmas. E a palavra é lei para o cérebro.
Cuidado ao escolher as palavras
Por isso, é preciso cuidado com as palavras utilizadas. A maneira como falamos reflete o que pensamos e condiciona nossas atitudes, nosso comportamento e o efeito em nosso físico. As palavras usadas, principalmente se repetidas freqüentemente, ficam gravadas no inconsciente e se tornam parte ativa da nossa condição. Quando doente, nunca se deve referir à doença como sendo propriedade sua. Observamos os pacientes dizerem a minha psoríase, o meu vitiligo, a minha alergia, etc. É preciso afastar a doença de si e referir-se a ela como algo que está ali, mas não faz parte do seu ser. E, quando usar um medicamento, pensar e declarar que aquele remédio está trazendo a saúde plena.
O não
Fato importante: é preciso expressar sempre o que quer e nunca o que não quer. A palavra “não” não é processada pelo cérebro, porque só existe na linguagem, não existe na experiência. Pensar em não nada traz à mente, mas pensar em não ter a doença traz a representação mental da doença. O que não se quer é o problema, o que se quer é a solução. É preciso pensar na solução e expressá-la verbalmente, porque as palavras têm força criadora.
Colaboração: Dr. Roberto Azambuja – Dermatologista Sócio Titular da SBD
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Dr. Roberto Barbosa Lima
Médico Dermatologista
Especialista da Sociedade Brasileira de Dermatologia e Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica.
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