Lipodistrofia
Em 1996, iniciou-se o uso, em larga escala, de uma nova classe de anti-retrovirais para o tratamento da AIDS, os inibidores da protease. Estas medicações deram um novo impulso ao tratamento desta doença, pois permitiu a introdução do “HAART” (terapia anti-retroviral de alta potência), e com isso a redução drástica dos casos de morte por AIDS.
Ao mesmo tempo começaram a ser descritos os primeiros efeitos colaterais desta terapia, dentre eles a lipodistrofia, que significa alteração na gordura, causando o acúmulo ou perda de gordura em áreas localizadas do corpo.
Atualmente, prefere-se denominar este quadro como síndrome da redistribuição de gordura, pois além das áreas de acúmulo e perda de gordura, ocorrem também alterações metabólicas como o aumento dos triglicerídeos e colesterol, diabetes, osteoporose, etc.
As causas da lipodistrofia são multifatoriais. A princípio achava-se que era um efeito colateral dos inibidores da protease, mas hoje sabe-se que o próprio HIV e outros medicamentos utilizados para o tratamento da AIDS também contribuem para o aparecimento e agravamento desta síndrome, além de outros fatores como idade avançada, e longo tempo de uso dos anti-retrovirais.
Manifestações clínicas
Os primeiros casos relatados foram do acúmulo de gordura na região do abdomem, tornando-o globoso, o alargamento da região posterior do pescoço, com a formação de gibas (foto abaixo) e, nas mulheres, além destes, o aumento do volume dos seios.
A seguir passaram a serem descritos casos de perda da gordura periférica (localizada na face, nádegas, braços e pernas), causando um enrugamento da face, que confere o aspecto de envelhecimento precoce, e o afinamento dos membros superiores e inferiores, tornando a pele elástica, e permitindo a visualização dos grupamentos musculares e vasos sanguíneos superficiais.
Tratamento
Nos casos de acúmulo de gordura, às vezes, a troca do esquema terapêutico, quando possível, e sempre por orientação do médico assistente, pode fazer melhorar, levando à diminuição dos seios e do abdomem. A giba pode ser tratada por exérese cirúrgica ou lipoaspiração.
A perda de gordura da face, e consequentemente sua atrofia, tem sido muito valorizada ultimamente, pois leva a uma condição inestética, com a diminuição da auto-estima e da qualidade de vida do paciente. No Brasil tem sido utilizado, por cirurgiões plásticos e dermatologistas, o implante facial com metacrilato com excelentes resultados, levando a uma melhora do status psicológico do paciente.
O único problema é que este procedimento ainda está sendo considerado estético e não é coberto pelos planos de saúde. Infelizmente, devido ao seu alto custo e a não estar disponível no serviço público, este procedimento ainda é inacessível para a maior parte dos pacientes, já que a AIDS no Brasil, nos últimos anos, tem avançado assustadoramente para as classes sociais mais baixas, de pouca renda, e menor nível de escolaridade.
Colaboração: Dr. Marcio Serra – Dermatologista Sócio Titular da SBD
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Dr. Roberto Barbosa Lima
Médico Dermatologista
Especialista da Sociedade Brasileira de Dermatologia e Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica.
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